Andrea Bocelli, o tenor que interpreta músicas e cria vinhos – ambos com uma profunda relação emocional com as pessoas

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Por Rogerio Ruschel (*)
Tenor de ópera com vários discos de ouro, Andrea Bocelli é um dos mais importantes músicos da atualidade. Andrea nasceu em 1958 em um vilarejo perto de Pisa, Itália e com 12 anos acabou perdendo a visão em um jogo de futebol – aliás, seu ídolo era o jogador Eusébio, de Portugal. Se formou em Direito mas nunca parou de estudar música e aos poucos, incentivado por amigos como Luciano Pavarotti, foi construindo sua carreira que inclui mais de 30 CDs e 20 DVDs, shows públicos para milhares de pessoas (como o da foto acima, na Expo Milano, ou abaixo, em Nova Iorque) ou privados como para o Papa João II. 

 

Andrea Bocelli também gravou com muitos artistas internacionais, em discos comerciais ou espetáculos de caridade. Estreou em uma ópera de Giuseppe Verdi em 1994, com 28 anos. Em 1999 gravou a música “Vivo Por Ella” (versão em espanhol de “Vivo per Lei”) com a cantora brasileira Sandy. Como bom italiano é co-proprietário do negócio da família, a Bocelli Winery. E foi como produtor de vinhos que Andrea foi entrevistado pela revista Wine Enthusiast, que reproduzimos aqui. Na foto abaixo Andrea bebe seu vinho preferido com Plácido Domingo e um produtor de espetáculos.

 

Wine Enthusiast: Você vê uma conexão entre a música e a produção de vinho ?
Andrea Bocelli: A música é em última análise uma expressão do coração humano, e embora seja cuidadosamente composta, não é racional. Os seres humanos têm uma resposta visceral à música, e não uma resposta calculada. Vinicultura, penso eu, é também cuidadosamente elaborada e uma boa garrafa de vinho também cria uma poderosa relação emocional com as pessoas, também uma resposta não calculada.

 

Wine Enthusiast: Quando você começou a se interessar por vinhos de maneira séria?
Andrea Bocelli: O meu avô, Alcide, começou a adega há mais de 100 anos atrás. Quando comecei a viajar pelo mundo com a minha música, eu comecei a saborear verdadeiramente grandes vinhos de todos os lugares. Eu gostava de voltar para a nossa fazenda e falar com o meu pai, Alessandro, sobre como melhorar os nossos vinhos, mas ele dizia: “Os nossos vinhos são os melhores!” Eu ria e gentilmente o corrigia, falando de novidades. Depois que ele faleceu, meu irmão Alberto e eu refizemos a adega, plantamos vinhas novas e assumimos com seriedade este assunto sobre como fazer os melhores vinhos possíveis. (Na foto abaixo o ambiente dos shows no Teatro del Silencio, do qual Bocelli participou durante vários anos).

 

Wine Enthusiast: Sobre o que você está animado atualmente?
Andrea Bocelli: Estou animado para ser capaz de honrar nossa tradição vinícola da família, e de meu pai, em particular. Na minha carreira de cantor eu tenho sido muito abençoado, e agora eu tenho a oportunidade de compartilhar um pouco de nossa fazenda com o resto do mundo. É uma bela obrigação para mim, faço com prazer.

 

Wine Enthusiast: Qual é a sua garrafa para levar para uma ilha deserta?
Andrea Bocelli: O meu vinho favorito numa situação assim seria o Terre di Sandro, um Sangiovese feitas a partir de vinhas velhas do meu pai. Eu também levaria um vinho branco de Friuli, particularmente algum feito com uva Chardonnay. Assim, se a ilha deserta estiver fria ou quente, vou poder escolher o vinho.
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo, consultor em enoturismo e gosta de musica de qualidade – como a de Andrea Bocelli.

 

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