Organização Mundial do Turismo reconhece e destaca a importância global do Enoturismo para o desenvolvimento rural

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 Por Rogerio Ruschel

Meu prezado leitor ou leitora, agora é oficial e globalmente aceito: o enoturismo é um dos segmentos de maior crescimento da demanda turística e um dos mais importantes. Como é ligado às tradições de comunidades e territórios rurais, pode gerar renda e emprego em regiões onde outras fontes de renda podem estar em decadência, porque ativa participantes de cadeias produtivas locais estratégicas em termos culturais, econômicos e sociais como o folclore, a história, o artesanato, o turismo de natureza, a gastronomia, o agro-turismo e outros. (Na foto de abertura, o vinhedo da Monte das Serras e na foto abaixo, vinhedos do Esporão, ambos no Alentejo)

Este conceito resume as convicções dos participantes da 3ª Conferência Global da Organização Mundial do Turismo -ONU sobre o papel e a importância do enoturismo, realizada dias 6 e 7 de Setembro de 2018 em Chisinau, capital da República da Moldávia. O tema da conferência foi exatamente esse: Enoturismo como ferramenta para o desenvolvimento rural, destacando-se a contribuição do turismo para a Agenda Universal para o Desenvolvimento Sustentável de 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Oito grandes conclusões e sugestões de ação surgiram dos debates com especialistas de 30 países sobre como fazer o enoturismo para o desenvolvimento rural:

  1.  Estratégia e Governança do enoturismo: o enoturismo deve ser reconhecido como parte das políticas nacionais de turismo e desenvolvimento rural, com a criação do modelo de governança correspondente;
  2. Parcerias e co-criação: a complexidade do desenvolvimento do enoturismo e a diversidade de partes interessadas envolvidas exigem modelos inovadores de colaboração; é necessário quebrar paradigmas e promover novos clusters;
  3. Atuar no envolvimento e empoderamento da comunidade local: contribuição do enoturismo para o desenvolvimento rural só pode ser alcançada se as comunidades locais forem engajadas e incluídas e se beneficiarem da cadeia de valor do turismo; além disso, a comunidade em geral precisa entender e estar ciente do valor do turismo;
  4. Apoiar as pequenas empresas e o empreendedorismo: as pequenas empresas e os empresários precisam de financiamento e regulamentação adequados para promover a inovação e a transformação digital;
  5. Enoturismo além das “vendas de vinho”: o turismo de vinhos não é apenas um meio para as vinícolas aumentarem sua receita; é uma abordagem ao turismo rural e cultural e, portanto, requer uma abordagem holística em termos de gestão de destinos;
  6. Conhecer o visitante: são necessárias mais pesquisas para medir e compreender as tendências e consumidores do turismo do vinho e permitir a comparabilidade internacional entre os destinos. Precisamos harmonizar critérios e explorar oportunidades de big data;
  7. Habilidades e oportunidades: a criação de oportunidades de emprego requer o desenvolvimento de habilidades adequadas, incluindo aquelas relacionadas a novas tecnologias e sustentabilidade, mas também habilidades sutis, como narração de histórias, trabalho em equipe, adaptabilidade, etc.
  8. Turismo, desenvolvimento rural e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: as Estratégias do enoturismo precisam estar totalmente alinhadas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e seus indicadores.

Dois dos palestrantes comentaram sobre o sucesso do evento: José Antonio Vidal, Fundador e Presidente Executivo da Associação Espanhola de Enoturismo (AEE) na foto acima e José Calixto, Presidente da Rede Europeia de Cidades do Vinho (Recevin) e Prefeito de Reguengos de Monsaraz, capital européia do vinho em 2015.José Antonio Vidal reiterou os aspectos acima levantados, acrescentando que “Não é necessário reinventar a roda em termos de know-how no turismo, mas, por outro lado, é necessário e urgente colocar em jogo o valor acrescentado latente que as culturas locais oferecem, começando pela enologia e pela gastronomia.”

Já o português José Calixto (foto acima) teve uma dupla tarefa no Congresso: além de representar as mais de 800 cidades produtoras de vinhos da Europa, Calixto foi agradecer o convite feito pela OMT para que Portugal – e mais específicamente Reguengos de Monsaraz, no Alentejo, da qual é prefeito – receba a realização da 5ª. Conferência Global sobre Enoturismo da Organização Mundial do Turismo (OMT-ONU) em 2020; a 4a. edição vai ser realizada no Chile, em 2019. In Vino Viajas vai entrevistar estas personalidades para manter o padrão de ser a melhor mídia de informação especializada sobre este assunto na America Latina.Enquanto isso brindemos ao reconhecimento da importância estratégica do Enoturismo.

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