30 milhões de oliveiras estão abandonadas na Itália e fundos do governo para recuperá-las são suspeitos de desvios

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Oliveiras abandonadas na região central da Itália

Por Rogerio Ruschel

Estimado leitor ou leitora, e especialmente os produtores de azeite do Brasil, vejam o que foi informado pela Interempresas Industria del Aceite, da Espanha esta semana, relatando a crise dos produtores.

Segundo a Unaprol – Consorzio Olivicolo Italiano (que representa cerca de 100 mil produtores de azeite), cerca de 30 milhões de oliveiras foram abandonadas pelos proprietarios por causa das mudancas climaticas e à explosão dos custos de agricultura gerados pela pandemia e Guerra da Ucrânia com a Rússia. Entre estas oliverias estão muitos hectares de oliveiras centenárias do tipo Albero Bello na Villa Adriana de Tívoli, a espécie que deu origem ao azeite do imperador Adriano, confirmando a antiga ligação da Itália com um dos principais alimentos da Dieta Mediterrânea.

Só na Toscana existem cerca de 4 milhões de árvores que precisam ser recuperadas – e estão sendo por uma start-up agrícola chamada Ager Oliva. Oliveiras cresceram na Toscana e em Vinci (e em Montalbano, aldeia vizinha de Vinci, onde nasceu o pintor Leonardo da Vinci), uma pequena cidade a oeste de Florença, desde sua introdução nos séculos V ou VI dC. Nos últimos 1,500 anos, eles se tornaram parte integrante da economia e da cultura da Toscana.

Segundo a organização, 20% do patrimônio nacional de 150 milhões de oliveiras na Itália está em estado de abandono, devido aos efeitos da guerra na Ucrânia e às tensões internacionais que dificultam os investimentos na olivicultura. “Com a explosão dos custos, que aumentaram até 200% nas fazendas de azeitonas”, aponta a Unaprol, “quase 1 em cada 10 (9%) opera com prejuízo e corre o risco de fechar.”.

O que pesa especialmente são os aumentos diretos e indiretos determinados pela energia, variando de 170% dos fertilizantes a 129% do diesel no campo, enquanto o recipiente de vidro custa mais de 30% a mais que no ano passado, mas também há um aumento de 35% em rótulos, 45% em papelão, 60% em latas, até 70% em plástico, segundo análise da Coldiretti e Unaprol. Os olivicultores e oleiros também têm de lidar com o aumento da eletricidade, cujos custos aumentaram cinco vezes.

Como sou um jornalista que investiga, informo que esta organização Unaprol e sua irmã gêmea Confederação Nacional Coldiretti (ambas tem diretorias cruzadas e muitos “rolos” com os diretores ricos), tem sido denunciadas por produtores como autoras de desvios de fundos governamentais de ajuda pós-pandemia e outras coisinhas mais. E há muito pressão para serem investigadas.

Pois é… Start-up recuperando e velhos produtores ricos destruindo. Pergunto eu: será que alguns destes olivais será colocado à venda para estrangeiros, pelo valor simbólico de 1 Euro, como tem sido feito com imóveis em comunidades esvaziadas? Seria uma boa, não?

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