Calcata: o vilarejo medieval que se recusou a morrer e renasceu na Nova Era

Tempo de leitura: 2 minutos

Por Nadiella Monteiro (*)
Os quase 50 km de distância de Roma conseguem disfarçar a longa viagem no tempo, por todos estes séculos que separam Calcata do mundo contemporâneo.
Com achados que datam de mais de 800 anos antes de Cristo, seu castelo e os muros que a cercam foram construídos na era medieval. Era uma espécie de pimeira barreira a defender a região e a cidade de Roma.
Na década de 1930, com medo de que ruíssem as estruturas vulcânicas onde está erguida a cidade, o governo local determinou o remanejamento de toda sua população (cerca de 600 habitantes) para o que veio a ser a Nova Calcata.
Cerca de 30 anos depois, nos fabulosos anos 60, ainda em pé e intacta, a velha cidade abandonada foi invadida por hippies, artistas e outros tipos alternativos, que habitam ainda hoje o simpático vilarejo italiano, vivendo entre casas de pedra vermelha e alvenaria, cercadas por um desfiladeiro cravado em meio ao verde antigo e persistente.
Não há carros em Calcata. Seus inúmeros gatos caminham tranquilamente, observando quem entra e quem fica. A cidade tem cores quentes e formas irregulares. Atrás das portas, curiosamente distintas entre si, o delicioso idioma italiano é música. E também se ouve música andando pelos becos, quando o artista toca seu piano.
Calcata tem cheiro de terra. Ou cheiro da carbonara fumegante regada a vinho que é servida em suas tabernas. Seu ar invulnerável, percebido desde a ponte que leva os viajantes até ela, pode trazer à memória indesejáveis visitantes sendo recebidos por flechas certeiras e óleo quente.
Mas o velho portal permanece aberto: há cafés, conversa animada e caminhada, artistas tecendo a sua arte e cuidando das plantas, gatos tomando sol e a vida simples – tão antiga e já moderna – habitando por ali.

Nota do editor: Atualmente Calcata tem menos de 900 habitantes e se tornou um centro criativo conhecido na Itália. O jornal New York Times definiu Calcata como “provavelmente a mais profundamente escondida aldeia da Itália, lar de uma comunidade maluca de cerca de 100 artistas, boêmios, hippies e outros tipos envelhecidosda Nova Era”

Nadiella fazendo amigos em Calcata
(*) Texto e fotos de Nadiella Monteiro. Nadiella é mineira, veterinária com especialização em agricultura biodinâmica e produção agropecuária sustentável. Como voluntária participou de projetos de educação para uso do solo no Parque Nacional Grande Sertão Veredas e na produção agrícola sustentável na Itália. Atualmente trabalha no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, em Brasilia.

 

2 Comentários


  1. Obrigado, Gabi. Acho dificil te apresentar mais "uma cidade italiana linda", mas como elas são muitas, Calcata pode ser nova pra voce. Aliás, se voce quiser apresentar tambem aos leitores do In Vino Viajas alguma cidade linda, relacionada a cultura do vinho, fique a vontade. Obrigado pelo prestigio da leitura. E kepp travelling… bjs

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