Colóquio de Florianópolis: o primeiro evento internacional sobre enoturismo e cultura do vinho do Brasil

Tempo de leitura: 5 minutos

 

Por Rogerio Ruschel (*)
O Estado de Santa Catarina, na região sul do Brasil, considerada uma nova fronteira vinícola brasileira que tem impressionado consumidores, lojistas, jornalistas e especialistas por seus vinhos de altitude, começa a ter prestígio internacional. Entre os dias 3 e 5 de dezembro de 2013 foi realizado em Florianópolis, a capital do Estado, o primeiro “Colóquio Internacional Vinho, Patrimônio, Turismo e Desenvolvimento” – primeiro porque os organizadores planejam outros eventos similares no país. O Colóquio foi co-organizado pela Cátedra UNESCO Cultura e Tradições do Vinho da Universidade de Borgonha; Cátedra UNESCO Cultura Turismo e Desenvolvimento da Universidade Paris 1 Panthéon Sorbonne; Universidade Federal do Paraná (UFPR); Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC); Associação dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude de Santa Catarina (ACAVATIS) e contou com o apoio da SANTUR e do Sebrae/SC – que cedeu o local, no Parque Tecnológico ALFA.

 

A coordenação geral no Brasil foi da Universidade Federal do Paraná (UFPR), representada pelos professores José Manoel Gonçalves Gândara e Vander Valduga. Segundo Valduga “O colóquio nasceu a partir de uma reunião com a Sra. Jocelyne Pérard, diretora da Cátedra UNESCO Cultura e Tradições do Vinho, realizada na UFPR em Curitiba, em dezembro de 2012, após a assinatura de acordo de cooperação entre a UFPR e a Chaire UNESCO, da Universidade da Borgonha. A UFPR iniciou o planejamento em janeiro de 2013 e liderou o processo no Brasil pela relação com a Cátedra UNESCO e pelas afinidades dos temas de pesquisa que a Cátedra tem com o Laboratório do Terroir Turístico – TerroirTUR, que é o laboratório de pesquisa na UFPR e pretende tornar-se referência nessa temática no Brasil.”
Mais de 50 trabalhos do Brasil, França, Chile, Marrocos, Portugal, Espanha e Argélia foram apresentados, abordando os aspectos econômicos, culturais e históricos do vinho. Veja no índice dos Anais do evento, abaixo, a lista das palestras apresentadas. Veja no fim desta reportagem como fazer download completo dos Anais em português.
Nomes importantes do cenário acadêmico vitivinícola mundial estiveram presentes, entre os quaisMichèle Prats, Vice-presidente do ICOMOS, Conselho Mundial de Sítios e Patrimônios Históricos da UNESCO, que assina as candidaturas das regiões vinícolas que que buscam tornarem-se patrimônio mundial (foto abaixo); a profa. Dra. Maria Gravari-Barbas, diretora da Cátedra UNESCO Cultura Turismo e Desenvolvimento; a Sra. Joceline Pérard, diretora da Cátedra UNESCO Cultura e Tradições do Vinho; a Profa. Dra. Sophie Lignon-Darmaillac, da Universidade Paris IV, Sorbonne, uma das principais referências em pesquisa no enoturismo.

 

Entre os brasileiros estavam o Dr. Celito Guerra, da Embrapa Uva e Vinho; a Profa. Dra. Ivanira Falcade da Universidade de Caxias do Sul que pesquisa e desenvolve o tema de paisagens do vinho e das Indicações geográficas e denominações de origem no Brasil; o Dr. Jean Piere Rosier da Epagri/SC, pesquisador e fomentador da vitivinicultura nas regiões de altitude de Santa Catarina. A professora Flavia Baratieri Losso, do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), apresentou um trabalho bem específico sobre a região: “A vitivinicultura em Santa Catarina e o crescimento da produção de vinhos finos de altitude”. Veja abaixo dois vinhedos tombados como Patrimônio da Humanidade pela Unesco: o suiço Lavaux, na região de Genebra, e o português Vale do Douro, no Porto.
Acari Amorim, diretor da ACAVITIS – Associação dos Produtores de Vinhos Finos de Altitude de Santa Catarina, uma das instituições organizadoras do evento disse que Santa Catarina foi escolhida como sede do evento por representar uma nova fronteira vitivinícola no País e na América Latina. Segundo ele, “O Estado possui peculiaridades culturais, regionais e paisagísticas que formam uma característica propícia para produção da bebida, comercialização e também para o enoturismo”. De fato as regiões vinicolas nas terras de altitude em Santa Catarina, na Serra e no Meio-oeste, tem-se destacado pela atuação de vinícolas que estão investindo em qualidade e não em quantidade. Veja abaixo o mapa das regiões produtoras de vinho em Santa Catarina, com os associados da Acavitis, e um vinhedo catarinense compatilhando uvas e araucárias.
Em outros posts vamos apresentar as alternativas de enoturismo nesta região.

 

 

Depois dos três dias de apresentação dos trabalhos, o Colóquio Internacional foi complementado por viagem técnica aos principais vinhedos de Santa Catarina, quando foram visitadas as vinícolas Monte Agudo, Villa Francioni e Sanjo, em São Joaquim; a Casa Pisani em Campos Novos, Kranz em Treze Tílias e Villaggio Grando em Água Doce (veja abaixo fotos dos visitantes às adegas).
Segundo o Prof. Vander Valduga – que é filho de produtores de vinho na serra gaúcha e fez Doutorado em Enoturismo na Universidade da Borgonha, em Dijon, França -um dos resultados mais importantes do colóquio foi a criação da “Rede Brasileira de Pesquisa em Cultura, Turismo e Patrimônio do Vinho” que está em fase de criação no CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.  A rede contará inicialmente com cerca de 20 pesquisadores e 15 instituições que formalizaram o interesse e a partir de 2014 haverá um site para que os interessados possam acessar as pesquisas produzidas pelos pesquisadores.
Mas este assunto vai ser tema de outro post aqui no In Vino Viajas, em breve.

Para fazer download dos Anais do Colóquio (em português) e saber mais sobre o evento: http://www.univ-paris1.fr/colloques/bresil/

Para saber mais sobre vinhedos e patrimônio da UNESCO em http://www.invinoviajas.com/2013/12/a-cultura-do-vinho-pode-ser-um/

(*) Rogerio Ruschel é jornalista, pesquisador de enoturismo e certamente vai integrar a Rede Brasileira de Pesquisa em Cultura, Turismo e Patrimônio do Vinho

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