Enologia, turismo e gastronomia: veja como a Universidade de La Laguna ajuda a agregar valor à economia do vinho nas Ilhas Canárias, Espanha

Tempo de leitura: 6 minutos

Por Rogerio Ruschel (*)

 As Ilhas Canárias são uma Região Autônoma da Espanha, cerca de 1.000 Km do continente europeu e apenas 100 Km do Marrocos, África; é um arquipélago no Oceano Atlântico com sete ilhas principais e cerca de 2 milhões de habitantes – veja o mapa abaixo. 
O cultivo de uvas e a produção de vinhos chegou no arquipélago pelas mãos dos conquistadores entre os séculos XIV e XV, vindas da ilha de Creta, Grécia, e apesar do solo vulcânico o clima suave e ameno favoreceu a adaptação de muitas variedades, mais de 100. O sucesso foi tão grande na Europa que o vinho competia com o açúcar de cana como o principal produto de exportação das Ilhas Canárias e foi exportado em grande volume para toda a Europa a partir do século XVI, até o século XIX. Na foto de abertura, a colheita manual, e abaixo as mudas crescendo em buracos no solo vulcânico.
Além da economia, os vinhedos nas ilhas Canárias têm grande importância cênica, porque ocupam cerca de 10% das ilhas – inclusive os solos mais vulcânicos. Os vinhos canários são um dos melhores cartões de visita para os turistas que chegam às ilhas. Abaixo veja o sistema de condução típico da videira em vinhedo do Vale de La Orotava, Tenerife.
O arquipélago produz vinhos tintos, brancos, rosados e adocicados com uvas brancas (como Pedro Ximenez, Torrontés, Breval, Moscatel de Alexandria, Abílio) e uvas tintas (como Listán Negro, Tintila, Malvasia Rosada, Moscatel Negra), mas as grandes estrelas são os vinhos brancos e suaves, os adocidados Malvasia. Abaixo, videiras se adaptando ao solo disponível..

O vinho Malvasia das Ilhas Canárias chegou a ser um sinônimo de vinho para sobremesa e sempre foi preferido por muitas pessoas, entre as quais o mais célebre habitante da ilha, o português José Saramago, Prêmio Nobel da Literatura; mas séculos antes já havia encantado William Shakespeare que o citou em “Henrique IV” como um “vinho maravilhosamente penetrante e que perfuma o sangue antes que se possa dizer: o que é isto?” Esta grande variedade de uvas fez com que fossem desenvolvidas 10 Denominações de Origem Protegida – ou técnicamente nove, porque no começo de Março de 2014 o Conselho Regulador (CR) de uma das DOs, a D.O. Ycoden Daute Isora, concordou em fundi-la brevemente com a Denominação de Origem Provisional (DOP) Islas Canarias.

Muito do sucesso atual dos vinhos das Ilhas Canárias se deve ao turismo (sol & praia, gastronomia, desportes, náutica) que vem crescendo de maneira consistente, mas também a estudos científicos que vêm sendo produzidos. Saiba mais sobre isso no post “Conheça o vinho Malvasia que nasce na paisagem lunar de Lanzarote, Ilhas Canárias e encantou Sheakespeare e Saramago”, que pode ser acessado aqui: http://www.invinoviajas.com/2014/01/conheca-o-vinho-malvasia-que-nasce-na/ Abaixo, foto aérea de vinhedo em solo vulcânico que revela uma estranha imagem .
Um dos núcleos de pesquisa sobre a economia do vinho é a Universidade de La Laguna, localizada em Tenerife, a maios das sete ilhas, que tem 23 faculdades e 3 Centros de Pesquisa, 45 programas de Graduação e 52 programas de Doutorado, 356 Laboratórios e 14 Bibliotecas. Na foto abaixo o edificio Central.
Uma das unidades de pesquisa e ensino sobre a economia do vinho é a Aula Cultural de Enoturismo e Turismo Gastronômico, um centro de pesquisa dedicado a “Promover ações vinculadas ao enoturismo e ao turismo gastronômico, realizando projetos de pesquisa e intercâmbio com especialistas, empresas do mercado e público em geral”. Entrevistei o Diretor deste centro de pesquisa, o Professor Valerio Luis Gutiérrez Afonso (na foto abaixo com professores e alunos); veja as respostas no original em espanhol, a seguir.
“In Vino Viajas: ¿Cuáles son los recursos de la Universidad de La Laguna a respecto de vinificación?
Professor Afonso: La Universidad de La Laguna en la actualidad centra sus estudios científicos sobre vinificación en las facultades de ingenieros agrónomos y de química, en materia de cursos se puede apuntar al grado de Ciencia y Tecnología de los Alimentos, así como, en enología a los estudios de Ingeniero Agronómo.”
“Sobre enoturismo y gastronomía vale destacar los diferentes cursos temáticos y específicos de pequeña duración (20 ó 30  horas), que el Aula Cultural de Enoturismo y Turismo Gastronómico de la Universidad de La Laguna suele convocar puntualmente, y que intentan de acercar y promocionar la formación en enoturismo y turismo gastronómico entre la comunidad universitaria y para cualquier persona interesada en estas disciplinas.” (Acima, aula de enologia; abaixo Porto dos Cristãos, polo turístico de Tenerife)
“In Vino Viajas: En su opinión cuales son las cinco principales atracciones turísticas relacionadas a enoturismo y gastronomía de Las Canarias?
Professor Afonso: En los último años, Canarias ha conseguido una mejora destacada en sus aspectos culinarios y vinícolas, que es fácilmente perceptible y valorado por los millones de turistas que visitan el archipiélago. Todo ha sido fruto de acciones en red, entre las administraciones públicas y el empresariado, que precisan aún más de aunar esfuerzos coordinados continuados, no solo para proseguir en esa línea de mejora de lo que se ofrece, sino para que la gastronomía y el vino. (Abaixo, vinhedos em El Golfo, La Frontera, El Hierro).”
“Para que sea mejor conocido fuera y, en consecuencia, mejor aprovechado, tanto para preservar y difundir unas señas de identidad culinarias y vitivivinícolas propias, con son: una diversidad varietal de uvas, diferenciación por tener variedades prefiloxericas, naturaleza benigna, un territorio único y una climatología benigna todo el año para desarrollar las actividades de enoturismo y gastronómico, y la mayor comodidad y seguridad de un destino “exótico” en un marco europeo, siempre en conexión aérea directa desde una gran cantidad de países europeos.”
In Vino Viajas: Cuales son los vinos de destaque de las Canarias ademas del malvasía?
Professor Afonso: El hecho que haya variedades que exclusivamente crecen en las islas, o que las no han sido destruidas por el temible insecto de la filoxera que destruyo las cepas europeas, pero que no llego a las Islas, hace de Canarias un jardín vitinicola único en el mundo contando con más de 100 variedades catalogadas, aunque por superficie plantada y producción destacan a nivel general el listan negro y listan blanco.” (Abaixo, vindima em vinhedo da DO Ycoden Daute Isora)
In Vino Viajas: Porque las islas tienen tantas Denominaciones de Origen? Cual es la principal?
Professor Afonso: Las Islas Canarias cuentan con una diversidad geológica y varietal que difiere de una isla a otra, además de por variedad de sistemas de cultivo adaptados a la orografía y geología de cada zona e isla, por estos motivos predominan diferentes denominaciones de origen que reconocen y protegen su territorio, sistemas de producción y elaboración.”
Um brinde aos produtores e pesquisadores das Ilhas Canárias.
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e um dia vai conhecer as Ilhas Canárias.

 

 

2 Comentários


  1. Prezados senhores
    Sou Presidente do Centro Cooperativo e Formação Profissional. Foi criada recentemente e em fase de organização e procura de parceiros para apoiar na formação profissional de jovens. Há jovens que desejam formar-se na área do turismo nas Canárias. Gostaria de ter informações a respeito para poder transmitir.
    Um muito obrigado pela atenção
    Elísio Semedo

    Responder

    1. Bom dia Elisio.
      Não conheço pessoas da área de turismo das Ilhas Canárias mas creio que você pode tentar um contato com autoridades de turismo de lá.
      É o que eu faria.
      Atenciosamente

      Rogerio Ruschel

      Responder

Deixe um comentário para Elísio Semedo Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *