Fique parente destes produtores de vinhos artesanais na Itália sem precisar casar com nenhum deles

Tempo de leitura: 4 minutos

Rogerio Ruschel (*)

Meu caro leitor ou leitora, você pode até se interessar por algum dos vinhateiros da foto acima, mas não posso garantir que ele ou ela esteja disponível. Eles estão aqui porque são inteligentes e sabem que para conquistar a fidelidade dos consumidores para seus produtos o melhor caminho é sempre o coração. Eles formam um grupo de produtores italianos que criou uma oportunidade para que o cliente se torne parente de uma familia que produz vinhos na Itália, sem necessáriamente precisar casar com alguém da família deles. A estratégia de marketing se chama “clube de benefícios”, tem a marca The Wine Fathers e poderia ser aplicada no Brasil com grande sucesso, já que por aqui quase todas as familias produtores de vinhos da serra gaúcha são parentes entre si, na vida real.

The Wine Fathers é o resultado da associação de amigos que produzem vinhos de maneira artesanal em várias regiões da Italia como Sicilia, Veneto, Basilicata e Friuli Venezia Giulia – veja uma das propriedades na foto abaixo. Eles não são uma empresa, são pequenas vinicolas, e não tem uma hierarquia corporativa: cada um deles decide sobre seus próprios vinhos baseado em paixão e valores éticos. Mas eles sempre se consideraram uma familia porque sempre pensavam juntos como resolver problemas e agora criaram uma promoção conjunta: a The Wine Fathers. Quando escrevi esta reportagem em 2015 eram apenas tres amigos e agora, em 2017, já são nove produtores, em várias regiões da Italia, com muitas alternativas de investimento para se tornar “parente” deles.

The Wine Fathers é um “clube de benefícios” bastante simples. Eles propõem que o consumidor participe de um clube (se tornando parente da familia, em vez de “sócio”, como normalmente o mercado chama o investidor) pagando determinado valor para ter determinados benefícios. Eles oferecem 4 niveis diferentes de parentesco para o consumidor: primo/prima, tio/tia, irmão/irmã e pai/mãe. Como exemplo: para se tornar um Primo deles (o parentesco mais econômico), você paga um “fee” anual de 100 euros e em troca recebe uma garrafa do vinho com rótulo customizado, direito a degustação de comida local, desconto de 50% na compra de até seis garrafas de vinho – e, como um primo querido, terá seu nome escrito em uma plaqueta de uma das videiras. Os benefícios podem variar de uma familia para outra, mas são similares e algumas delas tem mais de 50 parentes!

No parentesco mais dispendioso (logo acima), você pode se tornar um Pai pagando 1.000 Euros para receber 2 noites de hospedagem perto da videira, almoço com seus parentes da vinícola, 12 garrafas de um DOCG superior com rótulo customizado, desconto de 50% na compra de outras 12 garrafas e nome destacado no vinhedo. Trata-se de uma ideia criativa porque soma o esforço de tres pequenos produtores de vinhos de personalidade; simpático porque faz o consumidor conviver de verdade com a vida deles na vinicola e ainda ajuda a financiar a produção futura. O grupo fez sucesso na Vinitaly 2015 (foto abaixo) e hoje já é bem conhecido na Itália.

Você faz tudo pela internet (http://www.thewinefathers.com/): escolhe qual dos projetos e vinhedos mais lhe agrada (um em cadas região), escolhe os beneficios que quer ter e quanto vai pagar por isso e em até 15 dias você vai receber seu certificado de parente. Laura Tonelli me disse que qualquer sul-americano será bem-vindo para se tornar parente deles, mas poderá eventualmente haver algum problema com a remessa do vinho escolhido porque, segundo ela, “o Winefathers trabalha apenas com vinicultoresartesanais que exportam para um número limitado de países”. Mas ficariam muito felizes em ser parentes e poder “hospedar amigos brasileiros para viver experiências autênticas”. Quando escrevi este texto em 2015 eles já tinha oito novos “parentes” e ainda restavam entre 103 e 316 dias para que novos parentes aderissem. Hoje, em 2017, eles são um estrondoso sucesso, visite e veja. Brindo a esta bela idéia de marketing que aproxima o produto do consumidor e as pessoas entre si. Tim-tim!

(*) Rogerio Ruschel, editor de In Vino Viajas, foi professor  em cursos de pós-gradução de marketing da ESPM-SP por mais de 15 anos e aprecia uma boa ideia.

 

 

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