Petra Winery, Suvereto, Toscana: a vinícola com uma escadaria que une a terra e o céu, harmonizando uvas, terroir e segredos milenares de gregos e etruscos

Tempo de leitura: 4 minutos

 

Por Rogerio Ruschel (*)

“Uma vinícola única em um lugar único, Petra recebe do céu e da terra um misterioso segredo, e a terra e o céu retransmitem este segredo através da produção de vinhos que tem a alma Toscana de Maremma e o espírito que fala dos segredos de uma língua antiga dos etruscos”. 

 

 

Meu prezado leitor ou leitora, você pode achar essa frase de apresentação da empresa um pouco exagerada, mas tudo que cerca a Petra Winery (ou Vini Petra, em italiano) é mesmo diferenciado – incluindo suas caves, como se pode ver nas fotos abaixo. 

 

 

A vinicola está localizada perto da pequena e antiga cidade toscana de Suvereto (cerca de 3.000 habitantes) na província de Livorno, nas colinas de Val diCorniama na Toscana, Itália, olhando para o Mar Tirreno – veja foto abaixo. Sabe-se que nesta região o comércio de vinhos em ânforas já era realizado no tempo dos etruscos, que introduziram o vinho na Europa no século VII Antes de Cristo. 

Segundo os proprietários, Vittorio e Francesca Moretti, “o vinho tinha que estar em sintonia com as vozes e a presença mágica de antigos e misteriosos moradores da região, os etruscos e gregos. E tinha também que estar harmonizado com as forças do terreno acidentado e em sintonia com a paixão de juntar a terra e o céu.”

 

Foi isso que os Moretti pediram ao arquiteto suíço Mário Botta quando decidiram construir uma vinícola nova. Concluída em 2003, a vinícola Petra tem características arquitetônicas realmente surpreendentes, com muito acabamento em pedra rosade Verona. Aliás, por falar em pedra rosa, como In Vino Viajas é cultura, lembro que a cidade de Petra, Patrimônio da Humanidade pela Unesco encravado em montanhas da atual Jordania tem seu Templo Qasr Al-Bint dedicado a Dushara, o deus do vinho dos Nabateus – que é todo em pedra rosa (veja abaixo).

  O projeto de Botta me lembra o espírito religioso dos antigos egípcios, que com as pirâmides queriam chegar aos deuses. O arquiteto observou o contraste entre os desenhos geométricos das vinhas e da natureza orográfica ondulado do solo (veja abaixo); em seguida, acrescentou o seu próprio design aerodinâmico que destaca a medida, a beleza e a profundidade da paisagem.

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E para harmonizar tudo fez uma escadaria com 141 degraus (fotos abaixo) que permite que a terra encontre o céu – que as uvas do terroir toscano se realizem encontrando segredos etruscos e gregos milenares (e que o visitante contemple toda a beleza da região). O arquiteto disse que “Cultivar vinhedos requer uma visão ampla, que se prolonga no tempo durante um período demuitas décadas, e requer monitoramento da paisagem onde o território não tolera a incerteza ou aproximações”.

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Segundo Moretti, “Como nossa empresa se propõe a produzir vinhos de qualidade com profundo respeito à natureza, nos sentimos obrigados a ter um projeto de longo prazo que excluisse qualquer forma de especulação, de curta duração. A terra é um ativo a ser salvaguardado e é também a base sólida sólida sobre a qual crescem habilidades, emoções e sonhos. É por isso que o nosso grupo é chamado Terra Moretti e por que, aqui na Toscana, escolhemos locais antigos para os vinhedos, sem procurar lugares que estejam na moda, mas sim locais onde possamos construir o nosso futuro e de nossa comunidade.”Veja abaixo detalhes do projeto, incluindo o acesso aos barris de envelhecimento e área de degustação.

 

 

–>O especialista Attilio Scienza fez um estudo cuidadoso do terroir e zoneou três tipos principais de solo que permitem adequar a alta mineralidade com as uvas, o clima e a presença de correntes marítimas do Mar Tirreno. A partir disso a Petra produz o Alto, com uvas 100% Sangiovese; o Potente, um Cabernet Sauvignon muito escuro e agradável; e o Quercegobbe, um Merlot 100%, todos IGC Toscano Rosso. Além destes, são produzidos rótulos destas uvas com cortes que incluem Syrah, Petit Verdot e Malbec, além de um vinho doce e azeites. Veja os vinhos na foto abaixo.

(*) Rogerio Ruschel é editor de In Vino Viajas em São Paulo, Brasil, e acredita que bons vinhos podem ajudar a encontrar o caminho dos deuses da alegria

 

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