As oportunidades perdidas: porque poucos brasileiros visitam o Alentejo?

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O repórter no Castelo de Monsaraz, local que vai atrair brasileiros – se eles souberem de sua existência

Por Rogerio Ruschel

Prezado leitor ou leitora, entendo que existe um potencial muito grande para o Alentejo, a linda região de Portugal, atrair brasileiros, tanto para fazer enoturismo quanto para outras atividades turísticas, desportivas e culturais. Tenho autoridade e experiência para opinar, porque sou o jornalista brasileiro que mais escreve sobre o Alentejo: são dezenas de reportagens no meu blogue In Vino Viajas (https://www.invinoviajas.com/?s=alentejo); nas minhas aulas em faculdades brasileiras; em palestras no Brasil e exterior; no meu livro “O valor global do produto local” que tem depoimentos, casos e textos de amigos portugueses.

Já fiz visitas como jornalista a mais de 20 adegas alentejanas; entrevistei #Francisco Mateus, na sede da CVRA (https://www.invinoviajas.com/conheca-o-plano-de-sustentabilidade-dos/); fui jurado de vinhos 2 vezes do Vinipax de Beja; meus leitores acompanham o vinho de talha há 6 anos em Vidigueira em várias reportagens exclusivas; porque sou professor de marketing além de jornalista, fiz palestra sobre marketing de turismo em Reguengos de Monsaraz a convite do alentejano #José Calixto, presidente da Rede Europeia de Vinhos em 2015 quando Reguengos foi a Cidade do Vinho; minha editora Essential Idea lançou um livro com o chef brasileiro Henrique Fogaça no início deste ano no Convento do Espinheiro, a convite de #Nuno Camacho. Enfim, tenho amigos na AMPV, como #José Arruda; em Beja, como #José Antonio Lameira, e em Évora. Leio regularmente o jornal Diário do Sul e o Diário do Alentejo por cortesia do alentejano #Carlos Cupeto.

Então vou opinar para tentar contribuir com os amigos. Percebo um grande conjunto de oportunidades para o Alentejo – a capital do vinho em Portugal, com 40% da produção do país – em relação à visitação de brasileiros. Entre elas:

  • A decisão da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) para que a Cidade do Vinho 2025 seja a região de Estremoz, Borba, Redondo, Alandroal e Vila Viçosa;
  • O anunciado crescimento do enoturismo no Alentejo de 27% em 2023, sendo que o maior grupo foi de portugueses e o segundo, de brasileiros;
  • A escolha de Évora como capital Europeia da Cultura para 2027;

Francisco Mateus, o presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) divulgou esta semana que o enoturismo no Alentejo cresceu 27% em 2023 em relação a 2022, e que os brasileiros foram o segundo grupo de turistas, com cerca de 45.000 pessoas. Parece muito, mas não é, porque em 2022, cerca de 1.100.000 brasileiros visitaram Portugal e apenas 45.0000 foram ao Alentejo – menos de 4%.

E creio que os brasileiros foram por iniciativa e mobilização das vinícolas da região: existem cerca de 60 adegas ao longo da Rota dos Vinhos do Alentejo, nas rotas de São Mamede (Portalegre), Rota Histórica (Évora) e Rota do Guadiana (Beja). A pergunta que fica é: porque mais de 95% dos brasileiros que visitam Portugal não visitam o Alentejo? É perto, é diferente, é interessante, tem ótimos vinhos (talvez os melhores portugueses). Na prática, a pergunta é outra: porque o Turismo de Portugal não consegue fazer turistas brasileiros viajarem além de Lisboa, Fátima, Porto e Douro?

O presidente do Turismo do Alentejo, #José Santos (que ainda não conheço pessoalmente) acredita que a escolha da Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV) para que a Cidade do Vinho em 2025 seja a região de Estremoz, Borba, Redondo, Alandroal e Vila Viçosa “terá uma dimensão económica e cultural muito relevante”, permitindo aos cinco municípios do Alentejo “valorizarem a dimensão económica e social da produção vitivinícola e da cultura da vinha”. 

Certamente é uma oportunidade, poque a região fica próxima de outras atrações como Évora, o castelo de Reguengos de Monsaraz, o lago Alqueva. Mas é preciso focar no alvo, fazer marketing direcionado para aproveitar a oportunidade para levar brasileiros que, como se sabe, têm um ticket médio de gastos muito elevado e a classe média brasileira, que já conhece Lisboa e Porto, precisa conhecer alternativas na “terrinha”. Espero que o Sr. José Santos e os presidentes dos Concelhos alentejanos aproveitem a oportunidade. 

E para encerrar, uma percepção: apesar de ser um leitor interessado, um admirador de Portugal, um jornalista especializado e muito bem informado, não consigo saber quais os planos e como estão os preparativos que Évora está fazendo para ser a Capital Européia da Cultura em 2027. Quem poderia informar um jornalista interessado, com milhares de leitores qualificados? Alguém poderia me enviar um press-release, me incluir em uma newsletter ou me convidar para conhecer? O autarca #Carlos Pinto de Sá (quem será o autarca em 2027?). O ministro da Cultura, #Pedro Adão e Silva? Respostas para rogerioruschel81@gmail.com

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