Diretora da OMT anuncia cooperação entre a Organização Mundial do Turismo e a Organização Internacional da Vinha e do Vinho

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Por Rogerio Ruschel

EXCLUSIVOEntrevista exclusiva com Sandra Carvão, Diretora de Inteligência de Mercado e Competitividade da Organização Mundial do Turismo (OMT)

Prezado amigo ou amiga, a cada dia fica mais claro que a atividade de Enoturismo tem demonstrado grande capacidade de modernizar e transformar comunidades rurais estagnadas e criar empregos fora dos centros urbanos. E este foi o tema da 4ª Conferência Mundial de Enoturismo realizada no Vale de Colchagua, Chile, entre os dias 4 e 6 de dezembro de 2019 pela Organização Mundial de Turismo (OMT) e pelo Governo do Chile.

O enoturismo reúne participantes dos setores vitivinícola, turístico e cultural e  por esta razão no evento foi anunciada uma linha de cooperação entre a Organização Mundial do Turismo e a Organização Internacional da Vinha e do Vinho, reiterada nesta entrevista exclusiva de “In Vino Viajas” com a Diretora de Inteligência de Mercado e Competitividade da OMT, Sandra Carvão.

Sandra Carvão é formada em Relações Internacionais pelo Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa e pós-graduada em Marketing pela Universidade Complutense de Madri. Antes de ingressar na OMT em 2003, Sandra foi gerente de mercado na Turismo de Portugal em Lisboa. Na OMT foi Chefe de Comunicações e Publicações por 8 anos e atualmente é Diretora de Inteligência de Mercado e Competitividade do Turismo. Com a palavra, Sandra Carvão.

R. Ruschel –  A quarta edição da Conferência Mundial sobre Enoturismo focou-se na capacidade do setor para transformar as comunidades rurais, construir economias e criar empregos fora dos centros urbanos. Quais são os principais indicadores disponíveis sobre estes temas?

Sandra Carvão – O Enoturismo tem um potencial enorme para o desenvolvimento das comunidades locais. Para tal, segundo as conclusões da Conferencia do Chile, que se dedicou ao tema da co-criação de experiências em enoturismo, é essencial criar modelos de cooperação publico/privados a nivel local, investir na formação das comunidades locais e criar oportunidades para que estas se integrem na cadeia de valor do turismo. Por exemplo, trabalhando para que pequenos produtores de produtos locais sejam parte da oferta de enoturismo. 

R.Ruschel –  Qual será o foco da quinta edição da Conferência Mundial, em Reguengos de Monsaraz?

 Sandra Carvão – O tema da Conferencia de 2020 em Portugal será Enoturismo e Desenvolvimento Rural. (Perguntei a José Calixto – na foto abaixo com Sandra Carvão – o Prefeito de Reguengos de Monsaraz e Presidente da Rede Europeia de Cidades dio Vinho, sobre este tema e ele reitera: “Reguengos de Monsaraz acolhe em 2020 a 5.ª Conferência Mundial de Enoturismo da OMT com enorme honra e considerando ser este um momento histórico para a projecção do Enoturismo de Reguengos de Monsaraz e do Alentejo no Mundo. A estratégia de promoção global do nosso território assentea nos valores da nossa ruralidade, pois são esses valores que nos distinguem. “)

R. Ruschel – Uma das conclusões da 4a. Conferência Mundial de Turismo Enológicofoi ”Criar modelos fortes e estáveis de governança: público + privado + comunidade”. Como isso é possivel na prática?

Sandra Carvão – É possivel a nivel local, onde é essencial promover formas de associação onde todos possam estar representados.

R. Ruschel –  Outra das conclusões foi ”Cooperação internacional – app de rotas do mundo, observatório de turismo”. Como isso pode ou deve se realizar?

Sandra Carvão – A Conferência colocou em destaque que ainda existe muita falta de informação e deu nascimento a uma linha de cooperação entre a OMT e a Organização Internacional da Vinha e do Vinho para trabalhar o tema de datos e tendências.

R. Ruschel –  De que maneira a OMT poderia ampliar o compartilhamento da experiência e o alto perfil promocional da vitivinicultura e do Enoturismo de Sonoma County apresentado no evento do Chile, para outras regiões em desenvolvimento? 

Sandra Carvão – Todas as apresentações estão disponiveis na pagina da OMT https://www.unwto.org/4th-unwto-global-conference-wine-tourism

R. Ruschel – Profissionais de turismo na atividade vitivinícola: a OMT possui dados ou estimativas do número de pessoas empregadas permanentemente na área de Enoturismo na Europa ou qualquer outra região? E de pessoas que trabalham transitoriamente na área de turismo?  

Sandra Carvão – Como referido anteriormente esta é uma das áreas onde há muito por fazer e  esperamos que nos próximos anos possamos contar com alguns dados globais da atividade.

R. Ruschel –  A OMT considera o Turismo Enológico como um sub-tipo do Turismo Gastronômico. Esta mesma consideração abrange também o turismo realizado motivado por outros produtos agroalimentares com identidade como queijos, azeites, carnes, temperos, chás, frutas, embutidos, etc.? Este tipo de turismo já é relevante?

Sandra Carvão – Sim, totalmente; todos os produtos são a essência do Turismo Gastronômico mas cada vez mais com um espaço próprio. No caso do enoturismo tem um espaço próprio muito destacado.

R. Ruschel –  As viagens internacionais devem chegar a 1,8 bilhão em 2030, segundo as projeções da OMT. Como o turismo pode ser sustentável com uma mobilização deste porte?

Sandra Carvão – O Turismo é hoje um dos sectores mais importantes a nivel global em termos de desenvolvimento e criação de emprego, e que tem crescido imenso nos ultimos anos. Para maximizar estes beneficios temos que trabalhar para medir melhor o impacto social e ambiental do sector (nesta area a OMT desenvolve Observatorios de Turismo Sustentável a nivel mundial nos destinos), investir em políticas de apoio a esta agenda que beneficie as empresas que apostam pelo turismo sustentável por exemplo. Vemos que os consumidores são os que mais pedem esta mudança e todo o sector tem de se adaptar. 

R. Ruschel –  Quais as políticas públicas de turismo implantadas pelo governo brasileiro poderiam ser compartilhadas como modelares pela OMT?

Sandra Carvão – Temos vistos muitos avanços exemplares como a politica de vistos, a aposta na tecnologia e digitalização e no turismo gastronomico, areas nas quais a OMT esta a trabalhar com o Ministerio do Turismo.  

R. Ruschel – Dentre as atividades do Departamento de Inteligência de Mercado e Competitividade da OMT, quais as tarefas que tem exigido mais dedicação e investimento?

Sandra Carvão – Temas como a medição do turismo mundial ou a criação de guias e recomendações para o desenvolvimento do turismo urbano e a adequada gestão dos fluxos de turismo nas cidades onde o turismo tem um papel cada vez mais relevante.

Saiba mais sobre a 4ª Conferência Mundial de Enoturismo em  http://www.invinoviajas.com/2019/12/4a-conferencia/

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