Aproveite a quarentena do coronavírus para conhecer a história de Baco no Museu Vivanco, em gravuras holandesas de 1585 – via online

Tempo de leitura: 5 minutos

Por Rogerio Ruschel (*)

Meu querido leitor ou leitora: se você vai ter que ficar em casa de quarentena, vou te dar uma dica para acessar a internet sem ter que ouvir falar do tal coronavírus: visite museus e regiões com identidade territorial diferenciada.

Minha primeira dica é esta: a maior coleção de documentos sobre o mundo e a historia do vinho está a poucos cliques. Trata-se do Museu Vivanco da Cultura do Vinho, o melhor museu de sua categoria do mundo, premiado pela Unesco e por toda a comunidade. E é também a melhor, porque esta iniciativa da Fundación Vivanco, da Espanha, já coleciona mais de 30 prêmios no mundo da museologia e do vinho. Minha primeria sugestão é que você leia o que já escrevi sobre a “Vida de Baco”, uma belíssima coleção de 10 gravuras holandesas de 1585, parte do acervo do Centro de Documentação do Museu Vivanco.

Na foto de abertura desta matéria está uma das 9.000 peças do acervo: uma rara gravura holandesa do século XV que mostra como Júpiter (Zeus para os gregos), o pai (a mãe foi a mortal Sêmele) leva o ainda bebê Baco (o futuro deus do vinho, Dionísio para os gregos) para longe da ciumenta Juno (a Hera dos gregos), a deusa que mais tarde iria transformá-lo de um bom rapaz em um louco a vagar pelo mundo, encher a cara e fazer maldades. Baco foi “endireitado” quando adulto pela Deuse Cibele e então descobriu a vinha e se tornou o deus do vinho. Na foto acima, outra passagem da vida de Baco e na foto abaixo, o portal do Museu Vivanco.

Todas as iniciativas da Fundação Vivanco – mantenedora do Museu – são criativas, e este mantém a tradição: é um projeto no qual a tecnologia mais inovadora foi utilizada para criar um motor de busca dentro do acervo do Museu, que permite ao leitor acessar rapidamente e de forma eficaz a história fascinante que cerca os 8.000 anos de história de convívio do homem com o vinho.

O Centro de Documentação do Museu Vivanco aproxima ainda mais o resultado de 44 anos de pesquisa e investimento da família Vivanco e catalogação de peças, um trabalho intensivo feito por uma equipe especializada dedicada ao conhecimento da cultura do vinho. Como se costuma dizer por ai: esta dedicação não tem preço. O leitor de In Vino Viajas já conhece o Museu Vivanco e o homem que o dirige, Santiago Vivanco. Quer relembrar? Veja no fim desta reportagem alguns links de interesse.

A plataforma do Centro de Documentação permite o acesso a extensa literatura e coleção do museu via online, com mais de 9.000 obras com alto valor histórico. Entre as peças estão desde obras de até 3.000 anos AC a obras de Mantegna, Dürer, Rembrandt, Sorolla, Dalí, Miro e outros artistas conhecidos. Estas obras co-existem no espaço web com mais de 13.500 referências bibliográficas incluindo incunábulos, livros, cartões postais, cartas manuscritas bibliográficas (até mesmo de Louis Pasteur), uma coleção de moedas em circulação ou música. O acervo inclui uma excursão pelo mundo do vinho através de diferentes meios de comunicação, como em fotografias, o que inclui obras de Cartier-Bresson.

Entre as obras já disponíveis está uma coleção de gravuras de artistas holandeses do século XVI sobre a Vida de Baco que estamos apresentando nesta reportagem. As gravuras fazem parte de uma série de 11 estampas criadas em torno dos anos 1580 a 1590, associando um trabalho de gravação de Jacob Matham a partir de desenhos de David Vinckboons, editado por Frederic de Wit.

Todos elas são numeradas no canto inferior direito, mas a primeira da série – que abre esta reportagem – é a única que tem o título “Vita Bachi” e as inscrições “DVDinv/Mantham Scul” (canto inferior esquerdo) e “Joachim Ottens et de Wit excudit F” (ângulo inferior direita). Esta gravura mostra o nascimento do deus Baco, e como Júpiter, barbudo, de roupão e coroa, leva Baco para longe do ciúme de Juno, que dorme em uma nuvem com os seios nus e os braços e as pernas estendidas.

Acima de Jupiter, no fundo atrás das nuvens está uma personagem feminina e ao lado de um pavão. No canto inferior esquerdo, único lugar onde não tem nuvens, está uma paisagem com árvores, montanhas e uma casa. Um beleza com mais de 450 anos! As outras gravuras que você vê nesta reportagem contam a sequência da história da Vida de Baco, mas In Vino Viajas sugere qe você acesse o Centro de Documentação do Museu Vivanco para conhecer detalhes e viajar pelo mundo da cultura do vinho como em nenhum outro lugar da internet. Será menos chato do que ver bobagens na TGV ou ouvir más notícias sobre o coronavírus.

Para acessar o Centro do Documentação do Portal Web Coleções Vivanco: http://colecciones.vivancoculturadevino.es/

Para conhecer o Museu Vivanco: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/12/museu-da-cultura-do-vinho-de-la-rioja.html

Para conhecer o arquiteto do Museu Vivanco: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2015/03/conheca-arquitetura-de-j-marino-pascual.html

Para conhecer Santiago Vivanco, veja esta entrevista exclusiva: http://invinoviajas.blogspot.com.br/2013/12/a-cultura-do-vinho-pode-ser-um.html

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