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Por Gustavo Montezano, CEO da BNDES e Rogerio Ruschel, editor
Meu prezado leitor ou leitora, você que acompanha regularmente minhas publicações tem lido sobre agregação de valor a produtos com Origem e Identidade, ações que vão trazer uma nova onda de desenvolvimento sustentável da Agricultura Familiar do Brasil – e sua independência econômica de crises e vontades políticas. Chamo estes recursos de Tesouros no Fundo do Quintal.
Pois hoje quero abordar a valorização de recursos do nosso oceano, o que também é uma fronteira certeira para o desenvolvimento de nosso país: a Economia do Mar ou Economia Azul. Publico um artigo de Gustavo Montezano, CEO da BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, uma empresa pública federal cujo principal objetivo é o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira. Gustavo Montezano não é ncessáriamente um ambientalista de ONGs – é um banqueiro. E do governo federal.
O artigo publicado por Montezano no Linkedin está alinhado a várias outras iniciativas que apontam como inevitável o desenvolvimento da economia baseada nos recursos do mar. Uma destas iniciativas é um relatório da OCDE – Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que informa que nove em cada dez investidores estão interessados em financiar a economia oceânica sustentável. Os capitalistas enxergam oportunidades no mar como fonte de alimentos, parques eólicos offshore, prospecção mineral e combustíveis navais carbono zero, entre outras.
Mas a Economia Azul já está trazendo oportunidades para os mais atentos, e até mesmo para pequenas empresas como a Essential Idea Editora, dirigida por mim e por minha mulher, em São Paulo. Em 2020 publicamos o livro “O valor do mar – uma visão integrada dos recursos do oceano do Brasil”, em parceria com a Marinha do Brasil, abordando nove dimensões de valor, com autores brasileiros e europeus; foi um grande sucesso acadêmico e de público, porque gerou até mesmo uma exposição sobre “O valor do mar” durante tres meses no Metrô de São Paulo. Foi nosso segundo livro sobre o oceano; no momento estamos trabalhando no terceiro, em parceria com a Marinha do Brasil, “A economia azul como vetor do desenvovimento nacional”. Tudo isso, meu caro leitor ou leitora, está alinhado com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável os ODSs – especialmente o ODS 14 –Vida na Água; com políticas de sustentabilidade corporativa que o modismo vem chamando de ESG e tambgém com o movimento global da Década da Ciência dos Oceanos da ONU.
Veja a seguir o artigo de Gustavo Montezano, CEO do BNDES.
“Já ouviram falar de Economia Azul? Pois se acostumem, porque este será um tema cada vez mais recorrente quando falarmos de oportunidades de desenvolvimento para o Brasil. E não é para um futuro distante. Já está acontecendo.
Basicamente estamos falando de todo o potencial econômico, social e ambiental que existe nos oceanos. Em especial para nós, brasileiros, na região que definimos como Amazônia Azul (que compreende todo a nossa área marítima). Energia eólica offshore e hidrogênio verde, captura de CO2, biodiversidade, turismo, pesca, aquicultura… a lista é vasta e tudo está interligado em um único espaço.
Mas para aproveitarmos todo esse potencial, precisamos primeiro fechar um gap de conhecimento, gestão e governança desse recurso natural em comparação aos nossos pares globais. O Planejamento Espacial Marinho (PEM) brasileiro precisa ser acelerado.
Esta oportunidade foi percebida pelo BNDES em uma importante parceria com a Marinha do Brasil (Ministério da Defesa). Estamos financiando os primeiros estudos para a elaboração de um arcabouço institucional/regulatório de organização, harmonização e segurança jurídica que estabeleça as bases para a exploração e preservação de todos esses potenciais. Um desenvolvimento que vai nos pemitir gerar renda com sustentabilidade e preservação ambiental.
Em um primeiro momento vamos custear os estudos para a Região Marinha Sul, que abrange os litorais de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Essa etapa servirá como um piloto para posterior desdobramento a todo nosso litoral.
Entramos nisso porque enxergamos claramente o potencial que o Brasil tem para monetizar de forma sustentável os seus ativos ambientais e colocamos isso na agenda prioritária do Banco. Depois da onda da economia verde, virá a onda da economia azul. Mas isso requer desde já articulação, governança, vontade política, planejamento, preparo, estudo e projeto.
E para tudo isso, o Brasil pode contar com o BNDES.”
Esta foi a mensagem do CEO do BNDES. Meu caro leitor ou leitora, passo a considerar estes recursos do mar, também um Tesouro no Fundo do nosso Quintal.