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Por Rogerio Ruschel (*)
A preocupação com o aquecimento global do planeta (o “Réchauffement de la Planète”em francês) em suas várias frentes também chegou ao mundo do vinho. A mudança da temperatura, do calor no solo, dos ventos e dos ciclos de chuva cria problemas e demanda soluções de técnicas agrícolas como a pesquisa por novas variedades de uvas e técnicas de cultura dos vinhedos (no cartum de Elizabeth Baddeley, do Willanette News, de Oregon, USA), como também no contexto da produção de vinhos mais “ecológicos”. É a sustentabilidade na cultura do vinho, procurando preservar na taça os aromas naturais da uva, identificados por degustadores e ilustrados neste poster abaixo.
A Organização Internacional do Vinho (OIV) define viticultura sustentável como sendo uma “Abordagem global para sistemas de produção e processamento de uvas, envolvendo tanto a continuidade econômica das estruturas e territórios, a obtenção de produtos de qualidade, os riscos relacionados com o ambiente, a segurança dos produtos e a saúde dos consumidores, e da avaliação do equilíbrio econômico, histórico, cultural, ecológico e cênico.” Ou seja, harmonia total, como se vê na foto abaixo. Na Espanha grandes produtores como Freixenet, Codorniú e Bodegas Regalia tem trabalhado com destaque neste assunto.
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Os franceses estão preocupados – ou pelo menos parece mesmo que estão. Uma das reações já é conhecida e está dando frutos no mercado: grupos espanhóis e franceses (ou de investidores globais com sede na Inglaterra, Estados Unidos ou paises árabes) vem adquirindo há mais de 15 anos grandes extensões de terras e propriedades no sul da América do Sul como na Patagonia Chilena e Argentina (veja abaixo) ou em outras fronteiras do novo mundo, por conta das macro-tendências climáticas. Conforme estudos científicos, com o aquecimento global estas regiões vão ficar cada vez quentes e mais interessantes como terroir para vinhedos de espécies adaptadas de vitis niviferas; em Mendoza, Argentina, a Merlot já tem personalidade própria.
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Mas também trabalham na adaptação ao Réchauffement de la Planète (o Global Warming, Calentamiento Global ou Aquecimento Global em francês): um grupo reúne 23 laboratórios franceses num projeto batizado de Projet Laccave, para definir uma estratégia climática para a indústria. Os “laccavistas” trabalham com institutos de pesquisa para entender a evolução dos vinhedos diante do fenômeno e encontrar respostas para os viticultores, além de um conselho científico composto por especialistas da Europa, África e Américas, que também participa do trabalho. O objetivo é oferecer vinhos cada vez mais saudáveis para os consumidores no futuro – consumidores que hoje são ainda jovens e crianças com os quais já investe em programas de educação ambiental (veja fotos abaixo).
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Em outra frente, a preocupação dos consumidores com a saúde também está provocando mudanças em termos de sustentabilidade. Em paralelo às pesquisas científicas o mercado vai ampliando a oferta por vinhos mais “ecológicos” por conta de noticias como esta que circulou em 2012 e sacudiu o mundo dos produtores: testes realizados com mais de 300 vinhos franceses descobriu que apenas 10% deles estavam limpos de quaisquer vestígios dos produtos químicos utilizados nos tratamentos dos vinhedos. E segundo consta, as vinícolas da Europa utilizam cerca de 30 mil produtos químicos diferentes, razão pela qual editoras publicam guias e estudos sobre produtos químicos e vinhos, como este abaixo da Vinatur.org.
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Hoje você pode encontrar estes vinhos com apelos ecológicos em lojas ou restaurantes sem muita dificuldade – em outro post você vai ver isso em detalhes. Alguns são produzidos em vinhedos certificados como 100% ecológicos (ou próximo disso), outros não fazem nem mesmo a limpeza do “mato” (que na verdade não é “mato”) entre as mudas das videiras, como nesta foto abaixo, de um vinhedo espanhol.
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Se você se preocupa com o meio ambiente, estes rótulos são uma boa alternativa de consumo, desde, é claro, que ofereçam o que se espera de um bom vinho: sabor e boa relação custo/benefício. Mas na verdade, um vinho “saudável” deve oferecer mais do que isso, como sintetizado no rótulo abaixo, que mostra que o produto contém “cultura ancestral, emoções, trabalho de familias, um modo de vida diferente, sulfitos naturais”, etc e tal.
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Esta tendência está crescendo mas ainda não chega a 10% da oferta global do produto porque é mais dificil e mais caro produzir vinhos sem a lógica da produção massiva que requer o uso de defensivos, pesticidas e produtos quimicos, e ainda dá mais trabalho. Mas existe um bônis: o modo “ecológico” permite obter-se uma produção de uvas com mais qualidade e cachos com uma melhor concentração de açucar (como estas “bonitonas” da foto abaixo) com as quais se pode fazer um vinho muito mais saudável.
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Temos vinhos assim no mercado há mais de 30 anos e a produção de vinhos mais ecológicos vem crescendo om regularidade. São vinhos produzidos com Agricultura Racional, Cultura Biológica ou Orgânica, principios de Biodinâmica e vinhos Naturais.
Em outro post você vai saber como se caracterizam estes tipos de “vinhos ecológicos”, conhecer um pouco mais sobre a legislação e a classificação deste vinhos. Até lá, um brinde a quem respeita a natureza.
(*) Rogerio Ruschel é jornalista, enófilo e consultor especializado em sustentabilidade socioambiental.
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