Porque o Brasil é um anão no gigantesco mundo dos produtos com origem certificada?

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Simbolos oficiais do sistema brasileiro de certificação da identidade de produtos

Por Rogerio Ruschel

Meu caro leitor ou leitora, um produto com Indicação Geográfica tem um potencial valor de mercado maior do que outro similar que não tem porque o certificado oferece uma garantia de qualidade e uma origem controlada.

Pois o Brasil tem cerca de 115 produtos com Indicações Geográficas (IGs), o que é muito pouco, e dentre elas os vinhos são os produtos com mais certificações emitidas. Mas mesmo assim, apesar de nossa liderança mundial na produção de alimentos (commodities), do fato de sermos um país com mega-biodiversidade e de termos gigantescas áreas disponíveis para plantar, somos anões no universo gigante dos produtos certificados.

Vamos ver um exemplo simples, onde temos o maior número de certificações: o registro de vinhos. No Brasil temos 12 (doze) certificações de vinhos tranquilos e espumantes – e ainda assim investimos pouquíssimo no marketing de valorização destas certificações. Parece que os produtores interessados ficam esperando que “alguém” faça isso por eles – algum Ministério, a Embrapa, a Epagri, o governo do Estado, o padre, qualquer um, menos eles mesmos, que vão faturar com isso. Estou errado? Pois veja o que ocorre em outros países.

Na Espanha: segundo o Ministério da Agricultura da Espanha (MAPA), em outubro de 2022 estão registrados 101 DOPs, Denominações de Origem Protegidas (nas sub-categorias VP, DOCa, DO e VC) e 42 IGPs de vinhos. No total, entre DOPs e IGPs existem 143 regiões vinícolas com certificação de origem (Identidade Geográfica) de qualidade de vinhos espanhóis registrados na União Europeia.

Em Portugal são 41 origens certificadas, das quais 31 são Denominações de Origem. São 174 mil hectares de vinhas com Indicação Geográfica (IG) ou Denominação de Origem Controlada (DOC), o que corresponde a 88% do total das regiões produtoras no país. Na fila de espera para receber o certificado e poder competir em pé de igualdade na Europa e fora da Europa, existem dezenas de processos. Dezenas.

Na França – que tem um sistema complexo e confuso de certificação de vinhos feito deste jeito para que somente eles entendam – das 122 PGIs (Protected Geographical Indications ou, em bom francês, Indication géographique protégée (IGP) de produtos alimentícios, 74 delas se relacionam ao universo dos vinhos, representando 34% da produção dos vinhos no país. Só para lembrar, as 122 IGs franceses de produtos do agronegócio movimentaram 1,2 bilhões de Euros em 2020, o que quase 7 bilhões de Reais.

Estou errado quando digo que o Brasil precisa acelerar não só na Certificação de vinhos, mas de todos os produtos que deseje agregar valor, especialmente os alimentos? Creio que não. Então vamos correr, entre em contato que mostro o caminho das pedras.

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