Vale do Alcântara: vilarejos mágicos, maccaruni di casa e lemoncellos inigualáveis

Tempo de leitura: 5 minutos

Vale do Alcântara, Sicília: onde você é dono do seu destino

Por Rogério Ruschel (*)
Na Província de Messina, entre os montes Peloritanos e o vulcão Etna, na Sicília, fica um vale muito fértil cortado geológicamente pelo rio Alcântara – um dos poucos cursos d’água da Sicilia que tem água o ano inteiro: o Vale do Alcântara
 Em casas como essas, de Malvagna, famílias literalmente moram há séculos!
O rio nasce no Parque Nebrodi, perto do vilarejo de Floresta (considerado o povoado mais alto da Sicilia, com 1.300 metros) e tem sua foz no mar Jônico, perto de Giardini e Taormina. No caminho fertiliza o solo já enriquecido pelos depósitos do Etna onde crescem algumas das mais atraentes frutas da Itália.
 Feiras livres: o produto da fertilidade do vulcão Etna e do rio Alcântara
Um passeio pelo Vale do Alcântara pode ser feito a pé, por trilhas que mergulham em propriedades rurais, de bicicleta ou de carro (por rodovias boas e simpáticas como a 120 ou 185) parando em vilarejos atraentes para fotografar, conversar, comer e beber. 
Estrada Mojo Alcântara-Malvagna
O roteiro que recomendo é sair de Taormina em direção oeste até Randazzo e voltar no dia seguinte degustando vários vilarejos como Motta Canastra, Linguaglossa, Francavilla di Sicilia, Malvagna, Castiglione di Sicilia, Passo Pisciaro, Mojo Alcântara e Rocella Valdemola. Uma viagem de menos de 120 Km ao todo, repleta de oportunidades de bem viver e bem comer – e sem ter que trocar cotoveladas com outros turistas.
Castiglione di Sicilia
Com histórias de mais de 1.000 anos os vilarejos têm atrações arquitetônicas interessantes de origem fenícia, grega, romana, normanda ou árabe – como abadias, ruínas de castelos, monumentos, igrejas, palácios e outros. E vielas surpreendentes, é claro.
Surpresas em vielas como esta em Linguaglossa
Mas como em boa parte da Toscana, aqui também a principal motivação turística está na simplicidade dos vilarejos e moradores, nas belezas cênicas e na comida e bebida.
 Você pode enfrentar problemas de trânsito como esse em Linguaglossa

 A economia da região está baseada na agricultura e as pessoas têm forte ligação com a terra. No vale são produzidas hortaliças, frutas e temperos como nozes, azeite de oliva, orégano, figos, cerejas, pêssegos, morangos, cítricos – e o maravilhoso lemoncello, um licor de limão siciliano, uma das mais interessantes contribuições da ilha ao bom gosto.

Plantio de nozes disputa espaço com olivais e vinhedos
E também licores de frutas, “prodotti sott’olio”, cerâmicas, mel, chocolate, bois, ovelhas, porcos, massas típicas e uvas que enchem os cinco sentidos, meu caro leitor.

Temperos, azeites, licores, doces e outros quitutes satisfazem os cinco sentidos

A região também oferece fazendas agrituristicas, nas quais você pode se hospedar e conviver com atividades rurais – além de comer de maneira maravilhosamente simples, fazendo parte da família dos proprietários. 
Agriturismo: hospedagem com vista para o vulcão Etna, ao fundo

A gastronomia regional inclui “maccaruni di casa”, massa com molho de ovelha; “sfinci”, um doce à base de ovos e farinha com limão e açúcar; “i frittui”, carnes de todos os tipos com especiarias; saladas com carnes e repolho roxo; “agnelo al forno ripieto di pasta mastrazzoli, ovelha assada com uma massa que contém mel e “cassatelle”, uma massa cozida com requeijão. (Também fiquei com água na boca, caro leitor!)

 Produtos típicos em locais típicos: um brinde ao sabor

Cada pequeno restaurante tem sua própria receita – e todas combinam com sucos de frutas, lemoncello ou um vinho siciliano como Alcano, Faro, Marsala, Moscato di Noto, Sambuca di Sicilia ou um Nero D’Ávila, conhecido dos brasileiros, que embora ainda não seja um DOC siciliano, é muito popular e tem sido comparado aos melhores syrahs do mundo.

  Frantoio: fábrica familiar de azeite de oliva

Em toda a região (como de maneira geral em toda a Itália), no Vale do Alcântara são preservadas muitas festas e tradições baseadas no calendário agrícola, na memória histórica milenar e na religião, eminentemente católica cristã. Durante todo o ano pipocam festas de santos – Biaggio, Giuseppe, della Madonna, Michele Archangelo, Santa Narbara, Adollorata, festa das frutas, Sant’Anna e assim por diante.

Você vira uma esquina e dá de cara com uma procissão e e pode comemorar com fé, comida e bebida!
Enfim, reserve pelo menos dois dias para um passeio pelo Vale do Alcântara e faça um brinde a isso, caro leitor.

Um joguinho de truco no fim da tarde: a “balada” dos sicilianos aposentados 

Veja mais sobre a Sicilia:
Lenguaglossa, Moio Alcântara, Castiglione e Malvagnia:
Tindari e as montanhas Peloritani:
Pesquisa da Universidade de Catania:
(*) Rogério Ruschel, editor deste blog é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade. Ruschel esteve na Sicília durante 30 dias, em 2005, pesquisando roteiros turísticos turísticos.

 

 

4 Comentários


  1. Una correzione esto no es Supresas em vielas como esta em Francavilla di Sicília – pero es Supresas em vielas como esta em Linguaglossa

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