Produtos da terra: as delícias sicilianas

Tempo de leitura: 4 minutos

Por Rogério Ruschel (*)

Além dos risotos, frutos do mar, carnes variadas e pastas inesquecíveis com molhos e temperos criativos, a gastronomia da Sicília é enriquecida por frutas deliciosas como poucas regiões do mundo. 
Entre os deliciosos frutos da terra sicilianos conhecidos na Europa inteira como de alta qualidade, estão morangos, laranjas, amoras, figos, nêsporas, cerejas, amêndoas, peras, pêssegos, ameixas e outras, que crescem com vitalidade especialmente na região onde o solo foi enriquecido por erupções milenares do Etna. Conheça a seguir alguns frutos da terra mais típicos e de grande importância para os sicilianos.
 
Azeite de oliva – azeitonas
Ao longo dos séculos a azeitona tem sido utilizada como alimento (de longa duração), remédio, fonte de energia e protetor contra o frio. Na Mesopotâmia era usado como ferramenta de guerra: nas batalhas os soldados se besuntavam com azeite para ser mais difícil serem agarrados!

A Itália é um dos grandes produtores mundiais de azeite de oliva, e a Sicília, um grande produtor. Na ilha existe até um grande evento anual (em novembro), para degustação, visitação, venda e compartilhamento da cultura da oliveira, a festa “Frantoi in festa” (veja mapa abaixo).

 
A oliveira é a árvore mais plantada na ilha, e são produzidas diversos tipos de azeitonas como a Verdello, a mais comum; a Biancolilla; a Nocellara (com as variedades Messinese e Etnea – na região do vulcão Etna, onde também se produz a Catiglione); a del Belice, na região vinícola de Marsala; a Ogliarola Messinese; a Crasto, a Cerasuola e outras.Os tipos de azeitonas geram as nove apelações controladas de azeites da Sicília classificados do mais puro (Extra Virgem) ao mais comum (Puro). 
Os sicilianos são muito cuidadosos com as oliveiras e o azeite de oliva. Geralmente as oliveiras são cultivadas por famílias e as frutas moídas por eles em “frantois” (moinhos) antigos e familiares, em processos rudimentares (veja a foto acima). As oliveiras são árvores que podem ter longa vida e respeitadas: em Agrigento fotografei uma árvore que diziam ter mais de 8 séculos de idade, quase contemporânea dos templos em ruinas ao seu lado… (veja a foto abaixo).

Limão siciliano

A cidra – uma fruta cítrica, um tipo de limão – tem origem no sudeste asiático e supõe-se ter sido introduzida na Sicília pelos persas, em torno do ano 1.000 AC, embora registros apontem Alexandre, o Grande, como o introdutor da espécie na ilha. A cidra é provavelmente uma das mais antigas frutas ainda “puras” do mundo, isto é, não hibridizadas, talvez porque seja uma espécie que se poliniza sozinha.

O chamado “limão siciliano” (Citrus x Limon) no Brasil é uma das cidras mais comuns na Sicília, e seu aroma e sabor dão origem a receitas salgadas sofisticadas, doces, compotas, sucos e bebidas como o lemoncello. Por causa da potência de seu suco (que é rico em ácido ascórbico, a Vitamina C) foi utilizado pelos romanos para combater as traças das roupas, pelos ingleses para combater o escorbuto e no Brasil, durante a Gripe Espanhola (1918), para reforçar as defesas do corpo. Na Sicília existe até um roteiro de turismo tematizado, a Riviera dei Limoni, na Província de Messina, região do vulcão Etna, que vai de Capo Mulini até os vilarejos de Santa Tecla e Stazzo na costa. 
Pistacchio
O pistacchio siciliano (Pistacea Vera) é uma amêndoa com grande utilização na gastronomia regional – além de um conhecido “snack” – rico em proteínas, gordura, fibras e vitamina B6. Provei em um restaurante de Palermo um nhoque com molho de gorgonzola (blue cheese) complementado por pistacchios – simplesmente uma delícia, caro leitor.

Também originária da Ásia, seu nome vem do grego pistakion, que por sua vez é uma adaptação de uma palavra da Pérsia antiga. Ao contrário dos olivicultores, os agricultores de pistacchiorecebem uma subvenção do governo italiano para poder competir com os pistacchios importados.

Evidentemente queijos, uvas & vinhos, sorvetes e doces, muitos doces, também fazem a alegria dos visitantes da Sicília. Mas isto é outra história, que contaremos em outro post. Enquanto isso, um brinde, caro leitor – com pistacchios sicilianos.

(*) Rogério Ruschel, editor deste blog é turista inveterado, jornalista e consultor especializado em sustentabilidade. Ruschel esteve na Sicília durante 30 dias, em 2005, pesquisando roteiros turísticos turísticos.
 

1 comentário


  1. Oi Rogério, muito obrigada pelas informações que você me forneceu. Sou paisagista e estou fazendo um projeto para um restaurante com comida típica italiana, pois a minha cliente e proprietária do mesmo tem descendência siciliana por parte de mãe, sua avó cozinhava esplendorosamente e pelo visto a minha cliente herdou esse talento, além das receitas de D.Ricca. Grata !

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